quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Analfabetismo Científico no Brasil


Diante do mau resultado brasileiro no Pisa, educadores propõem soluções para melhorar desempenho de crianças e jovens em ciências

         O Brasil sofre de analfabetismo científico. A avaliação é de educadores brasileiros que afirmam: nossas crianças não se interessam por ciência e a razão disso está num ensino fundamental deficiente e desinteressante, com professores mal preparados e condições inadequadas de infraestrutura. Eles alertam para o fato de a ciência não fazer parte do cotidiano das pessoas. A análise foi motivada pelo resultado do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2012, que revelou o mau desempenho dos alunos brasileiros nas provas de matemática, leitura e ciências. O pior resultado do país foi o 59º lugar em ciências em um ranking de 65 países.
         Pensando em respostas práticas para melhorar nossa performance, o professor sênior do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), Luís Carlos de Menezes, aposta numa educação mais eficaz não só como preparação para exames. "Isso não se deve resumir ao ensino das ciências, mas a modificações profundas em todos os componentes de instrução", enfatiza.
         Menezes, que atua na área de formação de professores, acredita que uma educação melhor depende de várias transformações que levem, por exemplo, a escola a ser um espaço de produção cultural, com práticas que envolvam a participação ativa e propositiva dos estudantes.
         De acordo com o professor da USP, as transformações necessárias não se fazem sem recursos materiais e humanos e dependem de efetiva vontade política. "A formação de professores não deve estar restrita a aulas em faculdades, mas a práticas docentes supervisionadas nas escolas. E a ciência e tecnologia devem ser tratadas com atualidade e envolvimento criativo, não com ouvir falar de descobertas dos outros", opina.

Física também é cultura
         Para Nelson Pretto, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Secretário Regional da SBPC/BA, também está na política, parte da solução. "Precisamos de uma política de implantação massiva e universal de museus, planetários, hackers labs, fab labs, espaços coletivos associados com a escola, onde a meninada possa criar e claro, tudo isso fortemente articulado com a cultura, pois como já dizia João Zanetic, professor de Física da USP, em sua tese de doutorado, "Física também é cultura", afirma.
         Os hackers labs, a que se refere Pretto, são assim denominados com base na Hackers Lab – empresa criada na década de 1990, na Coréia do Sul, que passou a contratar jovens hackers que antes eram investigados por cyber-crimes. Esta empresa assessorava outras companhias em questões de segurança de rede e com soluções informatizadas. Já um fab lab (do inglês fabrication laboratory) é uma espécie de oficina para fabricação de produtos tecnológicos.
         Com esses exemplos Nelson Pretto chama a atenção para a forma como o conhecimento deve ser transmitido. "A questão fundamental é não achar que a formação científica seja apenas de forma escolarizada, ou seja, não basta que a juventude tenha aulas de ciências. Os conteúdos formais são importantes, mas não são as únicas coisas importantes. Fazer com que os jovens tenham gosto pelos fenômenos da natureza, pela criação e não apenas pelo consumo de informação científica", argumenta.

Popularização da ciência
         Uma pesquisa realizada em 2010 pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) sobre a percepção pública da Ciência e Tecnologia no Brasil mostrou que a população brasileira não conhece os seus próprios cientistas e muito menos, a ciência e tecnologia aqui produzidas. A enquete demonstrou também que a maioria dos entrevistados não frequenta espaços científicos e culturais, como museus, zoológicos, jardins botânicos e bibliotecas.
         Para Isaac Roitman, professor emérito e coordenador do Núcleo do Futuro (UnB), para reverter essa vergonhosa posição no PISA é preciso que haja uma inflexão da divulgação e a popularização da ciência e que o público alvo sejam as crianças, adolescentes e adultos. "A ciência deve ser matéria diária nos vários veículos da mídia: jornais, revistas, rádio, televisão, web, etc. Essas matérias devem abordar desde a história da ciência, as grandes descobertas científicas e mostrar a aplicação dos resultados das descobertas no cotidiano da vida de cada um", destaca.
         De acordo com ele, não menos importante é a educação científica que pode ser perfeitamente iniciada na faixa etária de dois e três anos. Nessa idade as crianças são curiosas e, portanto ávidas e motivadas para a iniciação científica. "As nossas crianças não são atraídas para a carreira científica por várias razões. A primeira é que na maioria dos lares brasileiros a ciência não faz parte do cotidiano e certamente o analfabetismo científico é bem maior que o analfabetismo das letras", conclui Roitman.
         Para os educadores, a promoção de feiras de ciências e olimpíadas com a participação de crianças e jovens também devem ser estimuladas. Na opinião do astrônomo João Batista Garcia Canalle, coordenador da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), para os estudantes terem motivação em aprender é necessária a experimentação. "Quando o educador provê uma demonstração de maneira prática, ou seja, uma atividade lúdica que vai além do quadro negro, os jovens prestam mais atenção. Nosso ensino é puramente livresco. O docente não sabe passar o conteúdo com ajuda de laboratórios quando os tem. Não sabe improvisar um experimento ou demonstração", avalia.
         Segundo Canalle, as olimpíadas científicas vêm mostrando aos professores que há muito de experimental e prático. "E isso tudo pode ser explorado em sala de aula, desde que se conheça, com certa profundidade, os conteúdos a serem ensinados. Essas iniciativas tentam levar para os professores conhecimentos, técnicas de ensino e informações. Torna assim a aprendizagem demonstrativa e divertida" enfatiza o astrônomo.


(Edna Ferreira / Jornal da Ciência)

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Professores encaram os desafios do século 21


Qualificação, respeito e melhores salários são algumas das metas a atingir

Zero Hora, publicado em 15/10/2013.
Foto: Lauro Alves / Agencia RBS


         No cinquentenário do Dia do Professor, os representantes da profissão têm encarado uma dura missão: ensinar aos alunos do século 21. Para vencer o desafio, é necessário inovar, algo como deixar de ser analógico e se tornar digital, nem que para isso seja preciso se disfarçar de princesa Fiona, como fez Maria Madalena Padilha dos Santos, uma professora de 47 anos de Capão da Canoa.
         Com 23 anos de sala de aula, Madalena recebeu em 2013 uma turma com 36 alunos da primeira série no Instituto de Educação Divina Providência. A tática costumeira de Madalena, de prestar atendimento individual, praticamente naufragou. Como ensinar cada um a ler e escrever de forma atrativa?

Clique na imagem abaixo para conferir os desafios, as condições de trabalho e as necessidades de qualificação para o educador ideal:


Uma das providências foi usar a criatividade. Sob quatro pilares atrativos às crianças — comer, brincar, animais e histórias —, foram desenvolvidos projetos com as letras do alfabeto. O lado digital da experiência prosperou na rede social Facebook, na qual os pais acompanham as atividades na aula com textos e fotos e interagem com sugestões e comentários. A ideia da fantasia de Fiona foi de uma mãe, com o objetivo de ensinar o uso dos dois erres na semana do Dia da Criança.


Professora de Capão da Canoa se fantasiou de princesa Fiona para alfabetizar os alunos

         A esta altura do ano, somente seis integrantes da turma ainda não leem plenamente. As demais crianças estão em "nível de terceira série", empolga-se Madalena, que trocou horas de lazer e de convívio com a família pelo planejamento das aulas.
— O Brasil é um dos países em que os educadores são mais desvalorizados. Isso chega a doer porque um professor, quando faz seu trabalho com amor e paixão, move céu e terra — afirma.
         Um estudo divulgado neste mês mostra que o Brasil é mesmo um dos países que menos valorizam o professor. Na pesquisa da fundação Varkey GEMS, realizada em 21 nações com 21 mil pessoas no total, o status do professor brasileiro está em penúltimo no ranking, com índice de 2.4 em uma escala de zero a cem, bem abaixo da média (37) e na frente apenas dos israelenses. O país oferece o terceiro pior salário, melhor do que Egito e China.
         A desvalorização da profissão se reflete nas escolas. A professora de Educação Física Darlane Lúcia Barbosa da Silva Teixeira, 46 anos, se desdobra em três escolas. Rígida, ela impede a prática da disciplina com vestimentas inadequadas. Aí, enfrenta reclamações.
— Eles (os alunos) te enfrentam, te desafiam. Tem muitas barreiras para ser professor, precisa ter vocação e muita vontade — diz Darlane.
         A formação dos professores, em geral, tem sido deficiente na aplicação da tecnologia à educação. Angela Dannemann, diretora-executiva da Fundação Victor Civita, ressalta a formação continuada dentro das escolas com o incentivo ao uso da tecnologia como uma forma de avançar nessa carência. Em países com melhores índices educacionais, a formação do professor é longa e rigorosa, parecida com a trajetória de um médico, o que valoriza a profissão.
— Como a gente enxerga a profissão no Brasil? Como um bico. Algo que qualquer um pode fazer. No entanto, é uma profissão complexa, uma das mais difíceis do mundo — argumenta a pesquisadora da USP e especialista em educação Paula Louzano.
         A boa notícia está no desejo por mudanças expresso nos protestos de rua por melhorias na educação. Paula salienta que os governos deveriam tomar medidas como a revisão do modelo de ensino à distância para formar professores — que cresce muito no país — e investir em estágios obrigatórios e residências pedagógicas. Tudo agregado, obviamente, a um salário digno.

Exemplos bem-sucedidos na área de educação no mundo
CHINA
          Melhor colocada em todo o mundo no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), Xangai tem liberdade para inovar e adaptar as rígidas regras do governo chinês e oferece uma educação de qualidade excepcional para os estudantes, inclusive os migrantes. A dedicação ao ensino é levada tão a sério que o Estado teve de criar leis para limitar as horas de estudo em casa. Tanto esforço tem bases históricas e culturais, principalmente na ênfase da educação como mecanismo de ascensão social ao longo da história.

FINLÂNDIA
          Professor para entrar em sala tem, no mínimo, mestrado, e a autonomia é palavra de ordem. No Ensino Médio, os estudantes têm direito a escolher o que querem aprender. A carga horária não é exageradamente grande e a biblioteca é um dos passatempos preferidos. Em média, um estudante vai 12 vezes à biblioteca ao longo de um ano. A profissão é a mais desejada pelos jovens, mesmo sem oferecer os salários mais altos, e aos melhores profissionais cabe a tarefa de trabalhar nas piores escolas.

CHILE
          Bons salários, premiação por desempenho, constante avaliação do ensino e participação da família influenciaram na nota final do Pisa. O sistema de ensino chileno, dividido entre escolas particulares, subvencionadas e públicas, diminuiu as diferenças entre o aprendizado dos alunos de distintas classes sociais. No Chile, o ministro da Educação é uma das autoridades de maior prestígio e costuma ser o nome forte para disputar as eleições presidenciais.

COREIA DO SUL
          No início da década de 60, o país asiático estava no atual patamar de desenvolvimento do Afeganistão. Agora, aparece com uma das melhores notas no Pisa. As escolas têm rotina de oito horas, há rigorosa disciplina e o uso da tecnologia é aliada no aprendizado.

CANADÁ
          Na última década, o governo vem concedendo aos estrangeiros com qualificação quase todos os direitos conquistados pelos canadenses, incluindo ensino de qualidade para seus filhos. Essa política foi adotada como forma de compensar a carência por profissionais especializados em função do envelhecimento da população e da baixa taxa de natalidade. Há monitoramento e nivelamento do desempenho das escolas, cooperação entre elas e incentivos para melhorar aquelas com baixo rendimento. Além disso, se tornar professor no Canadá pode ser extremamente difícil, e os salários são acima da média nacional.

Fontes: Índice Global de Status de Professores Varkey GEMS, A Atratividade da Carreira Docente no Brasil (Fundação Carlos Chagas), Recursos para uso de tecnologia em sala de aula (Fundação Victor Civita)

Valorizar o professor

Editorial do Zero Hora, publicado em 15/10/2013.



         O Dia do Professor, lembrado hoje, suscita muitas reflexões em relação a essa atividade sem a qual não haveria educação de qualidade nem outros profissionais cuja formação exige um mínimo de frequência em sala de aula. Uma das indagações inevitáveis é por que, mais do que em outros países, os brasileiros consideram o professor apto a dar uma boa educação para os filhos, mas não o valorizam devidamente. A contradição é apontada por pesquisa realizada pela fundação internacional Varkey Gems em 21 países selecionados a partir dos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que deu origem a um ranking liderado pela China, no qual o Brasil aparece em 20º lugar, praticamente no fim da fila. Valorização, no caso, implica ganhos em níveis adequados, mas também o status de uma profissão da qual derivam todas as outras.
         Um dado inquestionável de que o magistério é pouco valorizado no país é o fato de apenas 20% dos entrevistados no levantamento admitirem a possibilidade de encorajar seus filhos a optarem por dar aula. Um percentual de 50% faria isso na China, país em que, não por acaso, a profissão é mais comparada à de médico. No Brasil _ assim como nos Estados Unidos, França e Turquia _, a população coloca o educador no mesmo patamar do bibliotecário. Ainda assim, 95% dos entrevistados em todos os países selecionados entendem que o educador deveria receber mais do que ganha. Salário maior, numa sociedade em que os profissionais costumam ser valorizados não apenas pela relevância da atividade exercida mas também pela remuneração, pode não significar o fim das injustiças nessa área, mas já seria o começo da reparação de deformações históricas. Ainda mais se levar em conta as reais aptidões e qualificações dos profissionais.
         No Brasil, desde o início do período republicano e até a década de 60 do século passado, aproximadamente, os professores, de maneira geral, desfrutavam de um status elevado na sociedade, que os encarava com particular respeito. Essa condição privilegiada começou a esmorecer a partir da massificação do ensino. O número de alunos cresceu substancialmente, enquanto as verbas destinadas à educação não se expandiram no mesmo ritmo. O resultado foi uma queda tanto no padrão de ensino quanto nos vencimentos de quem é peça-chave no processo de aprendizado.

         A deprimente situação dos educadores nos últimos anos, assim, está diretamente relacionada à desvalorização crescente dos profissionais de educação, decorrência direta dos baixos salários, das más condições de trabalho e de políticas equivocadas por parte dos governos e dos próprios sindicatos que representam a categoria. Neste Dia do Professor, a valorização dos mestres aparece claramente como uma das respostas mais urgentes que o país precisa dar para qualificar seu sistema de ensino.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Mensagem da Sociedade Brasileira de Química em Homenagem ao Dia dos Professores – 15 de Outubro de 2013


Parabéns Professor!
         A SBQ deseja a todos os nossos colegas professores um dia, antes de tudo, feliz e com muita paz, mas também cheio de realizações.
         É comum se ouvir em várias mídias que a nossa espécie evoluiu por compartilhamento do conhecimento. Daí surgiram os primeiros profissionais do ensino que criaram, passaram e repassaram ao longo de milênios os conhecimentos alcançados pela humanidade.
         Não há dúvidas de que o professor é um ícone da sociedade, em detrimento de ser tratado muitas vezes como profissional de segunda categoria, numa realidade onde governantes encaram a educação como despesa, e não como investimento.
         Não existe nenhum profissional na sociedade que não tenha sido formado e orientado por professores. Muitos destes, infelizmente, depois de graduados, esquecem o quanto seus mestres foram importantes para sua formação.
         Não queremos ser mestres queridos somente nessa data comemorativa, mas ter o respeito e reconhecimento da sociedade pelo importante trabalho que executamos em prol do desenvolvimento desse país. O reconhecimento significa também ter salários decentes, para que se possa ensinar com muita dedicação, ajudando toda nossa população com o nosso trabalho diário.
         Dedicamos aos amigos professores as sábias palavras de Rubem Alves, um grande professor:
"Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes".
         Um grande abraço, e um feliz dia dos professores!

Vitor F. Ferreira e Aldo J. G. Zarbin

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Novos professores com velhas metodologias


Artigo de Carlos Wagner Costa Araújo* para o Jornal da Ciência

         O Brasil assim como outros países, tem como prioridade desenvolver uma educação que promova a formação de um cidadão autônomo, capaz de tomar decisões e participar ativamente da sociedade. Temos atualmente mais de 200 espaços científicos culturais, conforme catálogo da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência. No entanto, a maioria se concentra nas regiões sul e sudeste, que não são suficientes para os mais de cinco mil municípios brasileiros. Cada município deve criar e abrir uma "Casa da Ciência", que pode ser um ambiente onde todos possam "Mexer em tudo". Já temos estas experiências como, a do Espaço Ciência Viva - ECV, que leva os visitantes à exploração dos módulos interativos, que fica na cidade do Rio de Janeiro, completando 30 anos, em 2013.
         As instituições, municípios e pessoas que queriam ousar, aproveitem pois encontra-se aberto um edital no CNPq, que tem por objetivo selecionar propostas para apoio financeiro a espaços científico-culturais, como centros e museus de Ciência e Tecnologia, planetários, jardins zoobotânicos e instituições similares voltadas à promoção de atividades de divulgação científica. A iniciativa demonstra que mais brasileiros terão a oportunidade de "Mexer em tudo", que de forma muito direta, já avisa o que o visitante precisa fazer e talvez o que professores e alunos possam fazer nas escolas. Os jovens que visitam os espaços científicos e culturais pelo Brasil, transitam por muitas formas de interação com os objetos, através de mediadores ou não.
         Os espaços não formais e as escolas precisam considerar as experiências que os alunos constroem nas esquinas, ruas, casas e quintais. Será que precisamos de instituições arbitrárias, autoritárias, impositivas e sem reflexão? Uma visita aos laboratórios das IFES, aos museus e centros de ciência de forma autoritária e sem interação, pode ser trágico e sem prazer educacional. Os educadores devem permitir que as cabeças sejam abertas a este mundo, sem repressão. Tais ambientes interativos não caminham em conjunto com organizações burocráticas, autoritárias e impositivas.
         Mudar! É preciso tempo, criatividade e ter vontade individual, coletiva e política. A liberdade é filha da teimosia e daqueles que acreditam que vale a pena lutar e brigar por um mundo melhor. O controle poda a liberdade. Será que a liberdade é uma ficção? A educação pressupõe compromisso coma transformação do olhar e a inversão na forma de ver o mundo. A ciência, as ideias e o que escrevemos não devem ser verdades absolutas. Questionem as verdades e a forma autoritária. Sejam livres como o vento. As experiências do contato com a realidade, a cultura, os interesses são formas de tentar entender o mundo através do método real que é o conhecimento.
         Então: "MEXAM EM TUDO", "É PROIBIDO NÃO TOCAR", "AQUI É PARA BULIR".

*Carlos Wagner Costa Araújo é presidente da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência e professor na Universidade Federal do Vale do São Francisco

Brasil é o penúltimo país em pesquisa sobre valorização de professor


Portal UOL, em São Paulo.

          Uma pesquisa divulgada no dia 03 de outubro de 2013 mostra que, entre 21 países, o Brasil fica em penúltimo lugar em relação ao respeito e à valorização dos seus professores. Para montar o Índice Global de Status de Professores, da Varkey GEMS, os estudiosos entrevistaram mil pessoas em cada um dos países.
          De acordo com o estudo, os professores têm o melhor status na China e o pior, em Israel. Em cada país, os pesquisadores analisaram se a profissão é muito procurada, qual é o status social dos professores e se os entrevistados acreditam que os alunos respeitam os docentes. Os dados foram reunidos em um índice e, em seguida, classificados.
          Os países pesquisados foram: Brasil, China, República Tcheca, Egito, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Israel, Itália, Japão, Países Baixos, Nova Zelândia, Portugal, Turquia, Cingapura, Coreia do Sul, Espanha, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos.
          Os entrevistados responderam a perguntas sobre como o ensino se compara a outras profissões, se consideravam a remuneração dos professores justa, se encorajariam os seus filhos a se tornarem professores e o quanto achavam que os alunos respeitam os professores.
          Eles também foram questionados sobre atitudes em relação a professores de ensino fundamental, professores de ensino médio e diretores de escola, assim como a atitudes em relação ao sistema de ensino.
          Os estudiosos também questionaram sobre a remuneração e as condições de trabalho dos professores. Em 95% dos países, os pesquisados apoiam um salário maior para os professores em relação ao que ganham atualmente.
          A pesquisa mostra que, entre os entrevistados, os brasileiros foram os que mais disseram que os professores tiveram influência em suas vidas.
          Os brasileiros também disseram que apoiam salários mais altos para os professores e 88% acham que eles deveriam ser remunerados de acordo com o desempenho de seus alunos.
          A desvalorização desses profissionais fica clara quando os entrevistados são perguntados se gostariam que seus filhos fossem professores: apenas 20% responderam que sim. Por outro lado, 45% dos pesquisadores disseram que não encorajariam seus filhos a se tornarem docentes.
          Na China, que ficou em primeiro lugar no ranking, 50% dos pais encorajariam os seus filhos a serem professores, enquanto apenas 8% fariam o mesmo em Israel, último colocado entre os 21 países. Em geral, os países que mais respeitam os professores são aqueles que mais encorajam os seus filhos a terem essa profissão.
  
CONFIRA O RANKING
Posição
País
1
China
2
Grécia
3
Turquia
4
Coreia do Sul
5
Nova Zelândia
6
Egito
7
Cingapura
8
Holanda
9
Estados Unidos
10
Reino Unido
11
França
12
Espanha
13
Finlândia
14
Portugal
15
Suíça
16
Alemanha
17
Japão
18
Itália
19
República Tcheca
20
Brasil
21
Israel



domingo, 29 de setembro de 2013

III Ciclo de Seminários dos Pibidianos da Química – UVA

                             


                           11 de Outubro de 2013 (Sexta-feira)

1) Música em Aulas de Química: Uma Proposta para a Avaliação e a Problematização de Conceitos

Ana Célia Abreu Tomé (Pibidiana do 9º Período)

Horário: 18:30 às 19:00

2) Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social

Jéssica Freitas Carvalho (Pibidiana do 7º Período)

Horário: 19:00 às 19:30

Local: Sala 27 (Campus da CIDAO)

  Apoio

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Ensino através da pesquisa


Metodologia criada por norte-americana ajuda alunos de graduação e ensino médio a aprender como é o trabalho do cientista. Proposta foi premiada pela revista científica ‘Science’.

Por: Célio Yano (Especial para Ciência Hoje On-line/ PR


Estudante de graduação (à direita) trabalha com alunas de ensino médio em laboratório da Universidade da Flórida Central, nos Estados Unidos. Objetivo é comparar o resultado da análise de diferentes amostras de água. (foto: Erin Saitta)


         Há seis anos, quando a professora Erin Saitta era estudante de pós-graduação em química, foi convidada a participar de um programa da Fundação Nacional da Ciência dos Estados Unidos no qual estudantes da educação infantil até o ensino médio conduziriam pesquisas reais em laboratórios. O propósito era fazer os alunos aprenderem na prática como a ciência é feita, em vez de tomarem conhecimento apenas por meio de livros e apostilas.

         Saitta aceitou a proposta e começou a trabalhar junto com professores de escolas públicas como orientadora dos estudantes em atividades de laboratório. Gostou tanto da ideia que, dois anos mais tarde, desenvolveu o projeto ‘Uma investigação sobre a água que nos cerca’, que acaba de ser reconhecido pela revista Science em uma premiação que destaca iniciativas inovadoras no ensino baseado na condução de pesquisas.

         O projeto permite que alunos de graduação e de nível médio façam análises da qualidade da água de suas próprias comunidades. A proposta é que pensem nos procedimentos que adotarão para chegar ao resultado, com orientação apenas em caso de necessidade.

         “Comecei aplicando a metodologia nas minhas aulas no curso de graduação em química na Universidade da Flórida Central [UCF] na primavera de 2010”, conta Saitta em entrevista à CH On-line. “No outono de 2010, o departamento de química da universidade me pediu que ensinasse o método para outros professores; assim, metade das aulas passou a se basear em pesquisas em laboratório.”

         No segundo semestre de 2012, todos os estudantes do curso já estavam envolvidos com experimentos orientados por pesquisadores. “Isso corresponde a algo em torno de 500 alunos por semestre em aulas com 24 estudantes por turma”, explica a professora, hoje diretora-assistente do Centro de Ensino e Aprendizagem da UCF.
 
 Engajamento social e divulgação científica

         O modelo de ensino criado por Saitta não se resume a ensinar os alunos a avaliar a qualidade de amostras de água. Há outros dois aspectos importantes: o engajamento social e a divulgação científica. Isso porque os estudantes de graduação da UCF repassam o que aprendem para alunos de ensino médio – até agora três escolas públicas foram beneficiadas.

Estudante de graduação (à direita) com aluna de ensino médio. Além de desenvolver pesquisa, eles aprendem a utilizar seu conhecimento em prol da sociedade. (foto: Erin Saitta)


         “Essa geração de graduandos tende a ter um ímpeto maior de contribuir com a sociedade”, diz Saitta. Além disso, por ter de falar sobre experimentos especializados para um público leigo, os estudantes de graduação aprendem que há linguagens diferentes para cada tipo de audiência.

         Embora ainda não se tenha um levantamento sobre os efeitos do método entre os alunos de ensino médio, a pesquisadora afirma haver evidências claras de que o impacto foi positivo. “Muitos deles nunca haviam entrado em um campus universitário antes e nenhum conhecia um laboratório de química por dentro.” Assim, ela acredita que, ao pensar na carreira que seguirão, os adolescentes já terão refletido sobre a experiência com ciência, saberão a relevância de se fazer pesquisa e estarão familiarizados com o método científico.

         A metodologia desenvolvida por Saitta está descrita detalhadamente em um ensaio publicado recentemente na Science. “Não é apenas uma discussão teórica sobre o método, mas principalmente um guia prático para sua implantação.” Ela sugere que professores interessados em adotar o ensino baseado em pesquisa obtenham mais informações em sites como o do Campus Compact e do Pogil.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Graduação em química, física, matemática e ciências biológicas tem queda em 2012



          Física, matemática e ciências biológicas tiveram queda no número de matrículas na graduação de 2011 para 2012, segundo dados do Censo da Educação Superior 2012. Química, matemática e ciências biológicas tiveram queda no número de concluintes. As quatro áreas são alvo do Programa Quero Ser Cientista, Quero Ser Professor,  lançado hoje (18) pelo Ministério da Educação (MEC).
          Além de apresentar queda, o número total de matrículas nesses cursos é inferior ao de outros cursos de ensino superior. Enquanto física era cursada por 30,9 mil estudantes, química por 53,1 mil, matemática por 85,5 mil e ciências biológicas por 123,3 mil, administração tinha 833 mil estudantes, direito, 737,3 mil e pedagogia, 603 mil.
          Entre os quatro cursos, o que apresentou a maior queda foi ciências biológicas, que passou de 126,9 mil para 123,3 mil, uma diminuição de 2,8% nas matrículas. A queda vem desde 2011, quando 128 mil faziam a graduação.
          A graduação em física vinha aumentando em número de matrículas desde 2009, quando tinha 29,4 mil estudantes. No ano passado a queda foi 2,5%. Matemática teve a menor queda, 0,7% de 2011 para 2012. Química foi a única das quatro graduações que teve um aumento, de 1,6%, no número de matrículas.
          O número daqueles que entram nos cursos é superior aos que se formam, considerando também o aumento de vagas. No ano passado, física tinha 11,8 mil calouros e 2,6 mil formados. O curso foi o único que apresentou um aumento no número de formados, de 1,75%. O curso de química recebeu 18,2 mil novas matrículas e formou 6,4 mil estudantes – o que representou uma queda de 1,4% no número de formados.
          Em matemática, 33,2 mil entraram no curso e 20 mil se formaram. O número de formados teve a maior queda entre os cursos, 14,5%. O número vem caindo desde 2009, quando 23,3 mil se formaram. Já ciências biológicas teve o maior número de calouros, 41,6 mil. O curso formou 20 mil estudantes, uma queda de 3,5% em relação a 2011.
          Com poucos universitários, o déficit de profissionais chega às salas de aulas do ensino básico. Segundo o MEC, faltam 170 mil docentes na rede pública nessas áreas.
          O censo mostrou também um baixo crescimento nas matrículas de licenciatura, que formam professores da educação básica, o aumento foi 0,8%, enquanto o aumento daqueles que fazem algum bacharelado foi 4,6% e cursos tecnológicos, 8,5%. Entre os cursos presenciais, as licenciaturas representam 19,5% do total de matrículas. Nos cursos de educação a distância, no entanto, representam 40,4% dos estudantes.
18/09/2013 - 22h29
Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil