Editorial do Zero Hora, publicado em 15/10/2013.
O Dia do Professor, lembrado hoje, suscita muitas reflexões em relação a essa atividade sem a qual não haveria educação de qualidade nem outros profissionais cuja formação exige um mínimo de frequência em sala de aula. Uma das indagações inevitáveis é por que, mais do que em outros países, os brasileiros consideram o professor apto a dar uma boa educação para os filhos, mas não o valorizam devidamente. A contradição é apontada por pesquisa realizada pela fundação internacional Varkey Gems em 21 países selecionados a partir dos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que deu origem a um ranking liderado pela China, no qual o Brasil aparece em 20º lugar, praticamente no fim da fila. Valorização, no caso, implica ganhos em níveis adequados, mas também o status de uma profissão da qual derivam todas as outras.
Um dado inquestionável de que o
magistério é pouco valorizado no país é o fato de apenas 20% dos entrevistados
no levantamento admitirem a possibilidade de encorajar seus filhos a optarem
por dar aula. Um percentual de 50% faria isso na China, país em que, não por
acaso, a profissão é mais comparada à de médico. No Brasil _ assim como nos
Estados Unidos, França e Turquia _, a população coloca o educador no mesmo
patamar do bibliotecário. Ainda assim, 95% dos entrevistados em todos os países
selecionados entendem que o educador deveria receber mais do que ganha. Salário
maior, numa sociedade em que os profissionais costumam ser valorizados não
apenas pela relevância da atividade exercida mas também pela remuneração, pode
não significar o fim das injustiças nessa área, mas já seria o começo da
reparação de deformações históricas. Ainda mais se levar em conta as reais
aptidões e qualificações dos profissionais.
No Brasil, desde o início do período
republicano e até a década de 60 do século passado, aproximadamente, os
professores, de maneira geral, desfrutavam de um status elevado na sociedade,
que os encarava com particular respeito. Essa condição privilegiada começou a
esmorecer a partir da massificação do ensino. O número de alunos cresceu
substancialmente, enquanto as verbas destinadas à educação não se expandiram no
mesmo ritmo. O resultado foi uma queda tanto no padrão de ensino quanto nos
vencimentos de quem é peça-chave no processo de aprendizado.
A deprimente situação dos educadores
nos últimos anos, assim, está diretamente relacionada à desvalorização
crescente dos profissionais de educação, decorrência direta dos baixos
salários, das más condições de trabalho e de políticas equivocadas por parte
dos governos e dos próprios sindicatos que representam a categoria. Neste Dia
do Professor, a valorização dos mestres aparece claramente como uma das
respostas mais urgentes que o país precisa dar para qualificar seu sistema de
ensino.
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