Artigo de Carlos Wagner Costa Araújo* para o Jornal
da Ciência
O
Brasil assim como outros países, tem como prioridade desenvolver uma educação
que promova a formação de um cidadão autônomo, capaz de tomar decisões e
participar ativamente da sociedade. Temos atualmente mais de 200 espaços
científicos culturais, conforme catálogo da Associação Brasileira de Centros e
Museus de Ciência. No entanto, a maioria se concentra nas regiões sul e
sudeste, que não são suficientes para os mais de cinco mil municípios
brasileiros. Cada município deve criar e abrir uma "Casa da Ciência",
que pode ser um ambiente onde todos possam "Mexer em tudo". Já temos
estas experiências como, a do Espaço Ciência Viva - ECV, que leva os visitantes
à exploração dos módulos interativos, que fica na cidade do Rio de Janeiro,
completando 30 anos, em 2013.
As
instituições, municípios e pessoas que queriam ousar, aproveitem pois
encontra-se aberto um edital no CNPq, que tem por objetivo selecionar propostas
para apoio financeiro a espaços científico-culturais, como centros e museus de
Ciência e Tecnologia, planetários, jardins zoobotânicos e instituições
similares voltadas à promoção de atividades de divulgação científica. A
iniciativa demonstra que mais brasileiros terão a oportunidade de "Mexer
em tudo", que de forma muito direta, já avisa o que o visitante precisa
fazer e talvez o que professores e alunos possam fazer nas escolas. Os jovens
que visitam os espaços científicos e culturais pelo Brasil, transitam por
muitas formas de interação com os objetos, através de mediadores ou não.
Os
espaços não formais e as escolas precisam considerar as experiências que os
alunos constroem nas esquinas, ruas, casas e quintais. Será que precisamos de
instituições arbitrárias, autoritárias, impositivas e sem reflexão? Uma visita
aos laboratórios das IFES, aos museus e centros de ciência de forma autoritária
e sem interação, pode ser trágico e sem prazer educacional. Os educadores devem
permitir que as cabeças sejam abertas a este mundo, sem repressão. Tais
ambientes interativos não caminham em conjunto com organizações burocráticas,
autoritárias e impositivas.
Mudar!
É preciso tempo, criatividade e ter vontade individual, coletiva e política. A
liberdade é filha da teimosia e daqueles que acreditam que vale a pena lutar e
brigar por um mundo melhor. O controle poda a liberdade. Será que a liberdade é
uma ficção? A educação pressupõe compromisso coma transformação do olhar e a
inversão na forma de ver o mundo. A ciência, as ideias e o que escrevemos não
devem ser verdades absolutas. Questionem as verdades e a forma autoritária.
Sejam livres como o vento. As experiências do contato com a realidade, a
cultura, os interesses são formas de tentar entender o mundo através do método
real que é o conhecimento.
Então:
"MEXAM EM TUDO", "É PROIBIDO NÃO TOCAR", "AQUI É PARA
BULIR".
*Carlos Wagner Costa Araújo é presidente da Associação Brasileira de
Centros e Museus de Ciência e professor na Universidade Federal do Vale do São
Francisco
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