quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Novos professores com velhas metodologias


Artigo de Carlos Wagner Costa Araújo* para o Jornal da Ciência

         O Brasil assim como outros países, tem como prioridade desenvolver uma educação que promova a formação de um cidadão autônomo, capaz de tomar decisões e participar ativamente da sociedade. Temos atualmente mais de 200 espaços científicos culturais, conforme catálogo da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência. No entanto, a maioria se concentra nas regiões sul e sudeste, que não são suficientes para os mais de cinco mil municípios brasileiros. Cada município deve criar e abrir uma "Casa da Ciência", que pode ser um ambiente onde todos possam "Mexer em tudo". Já temos estas experiências como, a do Espaço Ciência Viva - ECV, que leva os visitantes à exploração dos módulos interativos, que fica na cidade do Rio de Janeiro, completando 30 anos, em 2013.
         As instituições, municípios e pessoas que queriam ousar, aproveitem pois encontra-se aberto um edital no CNPq, que tem por objetivo selecionar propostas para apoio financeiro a espaços científico-culturais, como centros e museus de Ciência e Tecnologia, planetários, jardins zoobotânicos e instituições similares voltadas à promoção de atividades de divulgação científica. A iniciativa demonstra que mais brasileiros terão a oportunidade de "Mexer em tudo", que de forma muito direta, já avisa o que o visitante precisa fazer e talvez o que professores e alunos possam fazer nas escolas. Os jovens que visitam os espaços científicos e culturais pelo Brasil, transitam por muitas formas de interação com os objetos, através de mediadores ou não.
         Os espaços não formais e as escolas precisam considerar as experiências que os alunos constroem nas esquinas, ruas, casas e quintais. Será que precisamos de instituições arbitrárias, autoritárias, impositivas e sem reflexão? Uma visita aos laboratórios das IFES, aos museus e centros de ciência de forma autoritária e sem interação, pode ser trágico e sem prazer educacional. Os educadores devem permitir que as cabeças sejam abertas a este mundo, sem repressão. Tais ambientes interativos não caminham em conjunto com organizações burocráticas, autoritárias e impositivas.
         Mudar! É preciso tempo, criatividade e ter vontade individual, coletiva e política. A liberdade é filha da teimosia e daqueles que acreditam que vale a pena lutar e brigar por um mundo melhor. O controle poda a liberdade. Será que a liberdade é uma ficção? A educação pressupõe compromisso coma transformação do olhar e a inversão na forma de ver o mundo. A ciência, as ideias e o que escrevemos não devem ser verdades absolutas. Questionem as verdades e a forma autoritária. Sejam livres como o vento. As experiências do contato com a realidade, a cultura, os interesses são formas de tentar entender o mundo através do método real que é o conhecimento.
         Então: "MEXAM EM TUDO", "É PROIBIDO NÃO TOCAR", "AQUI É PARA BULIR".

*Carlos Wagner Costa Araújo é presidente da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência e professor na Universidade Federal do Vale do São Francisco

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