sexta-feira, 30 de agosto de 2013

EDUCAÇÃO INTEGRAL



PRESSUPOSTOS DA EDUCAÇÃO INTEGRAL

     Nesta matéria do Portal Porvir, entenda o que é e o que é preciso para desenvolver o conceito, que impacta milhares de famílias e suas comunidades.
     O nome "educação integral" induz a uma armadilha fácil: considerar que, se o aluno fica o dia inteiro na escola, ele tem acesso a uma educação integral. Nada disso. A educação integral, que deve chegar a 60 mil das 160 mil escolas públicas brasileiras até o ano que vem, tem um conceito muito mais amplo, em que tem o cerne no desenvolvimento integral do aluno. O tempo de permanência na escola - ou melhor, em circunstâncias de aprendizagem - é apenas um dos três pilares que o sustentam.
    O primeiro deles é o desenvolvimento do ser humano em todas as suas dimensões. Ou seja, para se ter um ambiente de educação integral, o aluno deve ser formado não só do ponto de vista intelectual, mas também no afetivo, no social, no físico. Para que isso ocorra e já chegando ao segundo pilar, é preciso que haja uma integração de tempos e espaços, com a inclusão de diversos atores no processo educativo. Assim, a educação não deve ficar limitada ao espaço escolar nem se apoiar exclusivamente no professor. A educação integral é, portanto, aquela em que os cidadãos se envolvem e compartilham saberes, dentro ou fora da escola. Já o terceiro pilar é o do desenvolvimento das atividades em tempo integral.
    Para ajudar educadores, pais e qualquer cidadão a entender o que é educação integral e o que é preciso para desenvolvê-la, o Porvir fez um compilado dos 10 pressupostos que envolvem o conceito. Confira:

1. O direito a uma educação de qualidade é a peça chave para a ampliação e a garantia dos demais direitos humanos e sociais.

2. O objetivo final da educação integral é a promoção do desenvolvimento integral dos alunos, por meio dos aspectos intelectual, afetivo, social e físico.

3. A educação não se esgota no espaço físico da escola nem no tempo de 4 h, 7 h ou mais em que o aluno fica na escola.

4. A educação deve promover articulações e convivências entre educadores, comunidade e famílias, programas e serviços públicos, entre governos e ONGs, dentro e fora da escola.

5. A escola faz parte de uma rede que possibilita a compreensão da sociedade, a construção de juízos de valor e do desenvolvimento integral do ser humano.

6. Organizações e instituições da cidade precisam fortalecer a compreensão de que também são espaços educadores e podem agir como agentes educativos. Já a escola precisa fortalecer a compreensão de que não é o único espaço educador da cidade.

7. O projeto político-pedagógico deve ser elaborado por toda a comunidade escolar refletindo a importância e a complementariedade dos saberes acadêmicos e comunitários.

8. Ficar mais tempo na escola não é necessariamente sinônimo de educação integral; passar mais tempo em aprendizagens significativas, sim.

9. A escola funciona como um catalisador entre os espaços educativos e seu entorno e serve como local onde os demais espaços podem ser ressignificados e os demais projetos, articulados.

10. Além de demandar a articulação de agentes, tempos e espaços, a educação integral se apoia na articulação de políticas (cultura, esporte, assistência social, meio ambiente, saúde e outras) e programas.

Esta reportagem faz parte de uma série especial sobre educação integral, acompanhando o lançamento do Centro de Referências em Educação Integral, uma iniciativa apoiada pelo Porvir e pelo Inspirare. A plataforma do centro já está disponível a partir de 29 de agosto, no www.educacaointegral.org.br.

Fonte: (Portal Porvir)
Acesso: 30/08/13

sábado, 17 de agosto de 2013

'Currículo do ensino médio é grande demais'



Ministro da Educação, Aloísio Mercadante, fala em adotar a lógica das quatro grandes áreas do Enem na grade curricular. A reportagem é do Portal Porvir

          Três tempos de matemática. Intervalo. Um de história, dois de geografia. Almoço. Química orgânica, história da arte e educação artística. Intervalo da tarde. Língua portuguesa e redação. Toca o último sinal do dia: todo mundo para casa porque amanhã tem duas provas. A rotina de um estudante do ensino médio, no Brasil, pode chegar a incluir, em uma semana, aulas de 20 disciplinas diferentes. Mas, para o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, essa realidade tem que mudar. "Precisamos de um currículo que não seja uma enciclopédia. Como é que um jovem nessa idade tem 19, 20 disciplinas?", perguntou ele nesta terça-feira durante o SalaMundo 2013, evento promovido pelo Instituto Positivo, em Curitiba.
          A solução que o próprio ministro sugere é reorientar a grade curricular usando a lógica das quatro grandes áreas do Enem: linguagens e códigos, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. "É importante articular melhor as disciplinas", afirma Mercadante. A expectativa do governo é aproveitar o esforço que já vem sendo feito de preparação para o exame nacional, inclusive com o material didático que vem sendo usado, para nortear a mudança.
          Hoje, o país não tem um currículo básico mínimo, apesar de a Lei de Diretrizes e Bases, de 1996, ter determinado que fosse preciso construir uma base nacional comum - deixando espaços para que escolas e redes pudessem estampar sua marca em suas grades, resguardando as características locais das escolas. O que acaba acontecendo, especialmente no ensino médio, é que a grade curricular é definida pelas exigências nos diferentes vestibulares do país.
          "Esse é um caminho [o de orientação do currículo pelas quatro áreas do Enem] sério a ser discutido", concordou Tufi Machado, coordenador de pesquisa do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), também em Curitiba. Mas o professor faz uma ressalva: "Isso deve ser um mínimo a ser exigido. É preciso haver uma flexibilidade até para aqueles que queiram se aprofundar em outras áreas", afirmou ele.
          "O excesso de disciplinas e de componentes curriculares tornam o ensino médio penoso e desagradável. É um desmotivador importante para esses jovens"
          Machado foi um dos responsáveis por uma pesquisa feita com alunos do ensino médio mineiro que apontou que os jovens estão insatisfeitos com as aulas que lhes são oferecidas. "O excesso de disciplinas e de componentes curriculares tornam o ensino médio penoso e desagradável. É um desmotivador importante para esses jovens", diz o professor, apontando o que chama de "congestionamento curricular" como um dos fatores que levam à evasão.
          Recente pesquisa feita pela Fundação Victor Civita com adolescentes de baixa renda apontou para a mesma direção. A instituição perguntou a jovens de 15 a 19 anos de São Paulo e Recife, com renda familiar de até R$ 2.500, o que eles pensam da escola. Uma das queixas mais recorrentes foi exatamente a fragmentação do currículo. Para se ter uma ideia, quase 80% dos alunos viam "utilidade" em no que aprendiam em língua portuguesa e matemática, mas nenhuma das outras disciplinas teve importância registrada por mais de 42% dos estudantes.
          De acordo com o MEC, cerca de 970 mil jovens com idade para estar no ensino médio estão fora da escola. "Precisamos ir atrás desses jovens. Não podemos perdê-los para o tráfico, para a droga, para o crime. A escola é o lugar deles. É ali que ele vai ter uma perspectiva de vida. Quem estuda, escolhe o que vai ser. Quem não estuda é escolhido ou não", afirmou o ministro.

Antes do ensino médio
          Também como uma estratégia do governo federal de engajar os jovens nos estudos, Mercadante destacou nesta quarta-feira também o programa Quero ser Cientista, Quero ser Professor. A intenção é dar a 100 mil alunos do ensino fundamental que queiram se dedicar às disciplinas de matemática, química e física uma bolsa de R$ 150 mensais. "Na Olimpíada de Matemática, encontramos gênios em cidades que você nem imagina", disse. Os alunos vencedores de olimpíadas de conhecimento não precisarão passar pelo processo seletivo para terem direito ao programa.

(Patrícia Gomes, Portal Porvir)
http://porvir.org/porpensar/curriculo-ensino-medio-e-grande-demais/20130807