Meta
do MEC é corrigir falhas de formação, com foco em métodos de aula e em novo
currículo, reporta a Folha
Professores
do ensino médio da rede pública receberão uma bolsa do Ministério da Educação
para participar de curso de aprimoramento.
A medida faz parte de uma série
de ações em estudo pela pasta, em parceria com o CONSED (Conselho de
Secretários Estaduais de Educação), para melhorar a qualidade dessa etapa da
educação.
O
objetivo é corrigir eventuais deficiências da graduação do docente, com foco
nos métodos usados em sala de aula e no novo currículo escolar,
multidisciplinar, a exemplo da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
A
bolsa pode ter início ainda no segundo semestre, mas ainda não há orçamento
definido. A medida segue projeto já adotado pelo MEC para os professores
alfabetizadores.
Esses
docentes vêm recebendo desde 2012 auxílio de R$ 200 para participar de curso de
formação de dois anos.
"Vamos
trabalhar em princípio com todas as matérias, mas nosso maior desafio hoje é
matemática, física e química. É onde não temos professores formados nessas
áreas e onde estão as maiores deficiências", afirmou o ministro Aloizio
Mercadante.
LARGA
ESCALA
Priscila
Cruz, diretora-executiva da ONG Todos pela Educação, elogia a iniciativa, mas
pondera que o universo de professores pode, na prática, dificultar bons
resultados.
Pelos
dados oficiais, o país tinha no ano passado 418.665 docentes do ensino médio na
rede pública (um pode aparecer mais de uma vez caso atue em mais de um Estado).
"É
uma formação em larguíssima escala, no Brasil inteiro, e o desafio está mais na
implementação do que na concepção. Quem é que vai ser o formador desse
professor? Temos profissionais suficientes com conhecimento específico, por
exemplo, sobre didática [para aulas] de matemática?"
As
ações para a reformulação do ensino médio devem ser apresentadas pelo MEC na
próxima semana.
Na
visão do CONSED, o curso de aprimoramento deve respeitar as diferenças
regionais dos professores.
"Dificilmente
será possível estabelecer um curso de formação único. Os conteúdos deverão ser
diversificados para cada tipo de professor", diz Eduardo Deschamps,
secretário de Educação de SC.
Para
o conselho, existe uma "necessidade urgente" de rever o conteúdo da
graduação desses professores, apontado como muito teórico e "dissociado do
cotidiano da escola".
(Flávia
Foreque/Folha de S.Paulo)